Ironia das ironias: professores universitários são um dos principais vetores de militância em países que flertam com o socialismo. A vitória do socialismo bolivariano deixou para trás uma das categorias profissionais mais militantes, como, aliás, ocorre com quase toda a sociedade venezuelana.
Os professores universitários da Venezuela só conseguem comer graças a doações, vendendo bens ou pedindo esmola na rua.
Uma professora que pediu para não ter seu nome revelado informou que recebe 40 bolívares ao mês, equivalente a pouco menos de 9 dólares (por volta de 50 reais) e só consegue comida por meio de doações. Dessa forma vai “enganando a fome”.
Estou vendendo móveis e bibelôs para conseguir comprar comida e remédios. Esta cômoda do século passado, que foi da minha bisavó, também está à venda. Pelo valor histórico valeria 3 mil dólares, mas a vendo por 500. Também vou vender o carro”, conta a economista de 72 anos, que durante décadas deu aulas na Universidade Central da Venezuela (UCV), a mais conhecida do país.
Atualmente o valor máximo pago mensalmente a um professor titular da UCV é de 46,06 bolívares, cerca de 10 dólares. É como se um professor titular de uma universidade brasileira ganhasse o equivalente a 56 reais. Segundo o Observatório Venezuelano de Finanças, a cesta básica em novembro deste ano chegou a 342 reais. Um quilo de carne custa 41,48 bolívares, ou 9 dólares.
No Brasil, a categoria profissional dos professores universitários é majoritariamente militante de esquerda e apoia Lula para presidente em 2022. O exemplo venezuelano parece não preocupa-los, confiantes de que serão sempre prestigiados como integrantes da elite do regime socialista que pretendem construir no país.
