quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Covid: jornaleiro vai vender banca para reduzir dívida de R$ 2,6 mi com hospital

São Paulo – Um jornaleiro de 72 anos, internado por 191 dias em função da Covid, planeja vender sua banca para conseguir pagar uma dívida de R$ 2,6 milhões ao Hospital São Camilo, em São Paulo.

Carlos Massatoshi Higa atendeu por 21 anos em sua banca de jornais e revistas, situada no bairro de Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da capital. Ele ficou conhecido pela clientela como Seu Carlos da Banca.

A filha dele, a professora Juliana Higa, contou ao site G1 que o pai está cansado e quer vender a banca para ter mais recursos.

“Ele quer vender. Disse que quer descansar… Foram 21 anos trabalhando direto. Ele acha que não vai conseguir mais levar a banca e também para levantar mais algum valor para pagar a dívida”, disse a filha ao G1.

A família criou uma vaquinha virtual para angariar fundos e acumular dinheiro para pagar as despesas do hospital. Mais de R$ 100 mil já foram doados.

Recebemos doações de pessoas que nem conheço, mas que me escreveram contando que o conheciam da banca. Tem uma clínica médica muito famosa na frente da banca, então ele conhecia muita gente que frequentava ali”, afirmou a professora.

Mesmo com a popularidade de Seu Carlos, a filha não tem noção sobre o dinheiro acumulado a partir do trabalho dele. “Sinceramente não sei te dizer quanto ele tirava com a banca, se tem uma coisa que ele nunca me passou é quanto ele recebia. Sei que a banca já vinha dando um lucro menor [nos últimos anos] por conta de toda essa movimentação de internet e redes sociais, então a quantidade de venda de jornais diminuiu bastante. Tinha dia que ele me dizia que tinha ganhado R$ 50”, contou.

Juliana Higa comemora a vitória de Seu Carlos, mesmo com a preocupação sobre as dívidas. “Eu sei que estou devendo, estou preocupada, posso dizer inclusive desesperada. Confesso que ainda não sei como vou pagar. O importante é que ele está aqui. Eu realmente achei que ele não ia ficar com a gente. Eu vi meu pai entrando em coma. Os médicos desenganaram e não foi só uma e nem duas vezes. Foi uma luta surreal. Não tem como descrever”, desabafou ela ao G1.

Em nota, o Hospital São Camilo informou ao site que complicações por Covid-19 podem “implicar em internações de longa permanência, com valores notoriamente altos” e que “as informações eram atualizadas constantemente à família”.